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O Traço Que Conta Nossa História

Foto: Tiago Celestino

Há um traço que não se apaga. Ele atravessa o tempo, corre como um fio invisível que liga o ontem ao agora. Está no risco feito à mão no papel de projeto, na curva suave de uma escada, na sombra que o sol projeta sobre um piso de ladrilho antigo. Esse traço não é apenas forma. Ele é caminho. É memória. É identidade.

Na arquitetura, o traço é mais do que técnica: é linguagem. Ele revela o que acreditamos, o que sentimos e de onde viemos. Aqui na Bahia, o traço é também herança que traz a sabedoria dos que vieram antes, traduzida em cores, texturas e formas que falam de pertencimento.

Quando escolhemos um tom terroso para a parede, estamos dialogando com a terra que nos sustenta. Quando optamos por móveis de madeira maciça, damos voz às árvores que testemunharam séculos de história. Quando um tecido estampado com grafismos africanos repousa sobre o sofá, ele transforma o ambiente em um espaço de afirmação e beleza.

O traço ancestral não é estático. Ele se reinventa, absorve influências, se adapta aos tempos, mas nunca perde o vínculo com sua origem. Em um projeto arquitetônico, pode estar na implantação de um espaço de convivência que lembra o terreiro de uma casa antiga. Na decoração, pode estar na escolha de peças artesanais de mestres baianos, que imprimem em cada criação o orgulho de sua cultura.

Trazer esse traço para dentro de casa é um ato de consciência e afeto. É entender que nossos espaços falam, e que, se bem desenhados, podem contar histórias de resistência, de celebração e de futuro.

Então, olhe ao seu redor. Observe as linhas, as formas, os detalhes. Pergunte-se: o que minha casa diz sobre mim? Que histórias ela guarda? Que ancestralidade ela honra?

Porque, no fim, todo traço é um convite — para lembrar de onde viemos e para sonhar onde queremos chegar.

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